Partimos de manhã, por uma grande ciclovia (iria até à Nazaré!). S. Pedro de Moel e outras tantas praias ficaram para trás. Almoçámos num parque de merendas à beira-estrada, onde tivemos que resistir à tentação de "provar" os vários artigos que outras pessoas deixaram em cima das mesas, quem sabe para ir dar um mergulho ou só espreitar a praia... Foi aqui que primeiro travámos conhecimento com um holandês que fazia, de bicicleta, Holanda - Marrocos. Tinha saído há 1 dia da Figueira! (feito o mesmo que nós só num dia) e agora estava com dúvidas sobre onde ficava a Nazaré. Mais tarde, nesse mesmo dia, o Tiago e o Manel voltariam a encontrá-lo e trocar umas palavras enquanto pedalavam.
Pequeno acidente com uma dose generosa de sorte.
Fizemos uma paragem na Nazaré, fomos ao Sítio, comi uns cajus enquanto a senhora que mos tinha vendido dizia entusiasmaticamente "Ali, ali vê-se a marca da pata do cavalo! A marca do milagre..." Do promontório milagroso avistava-se a costa até muito longe, e vimos a estrada desenhada que ainda tínhamos que percorrer até S.Martinho, que adivinhámos ser uma das falhas entre falésias que se viam mais para Sul...
Seguimos até lá, e chegámos ainda a tempo de um mergulho nas águas da baía.
S. Martinho é uma baía semi-circular perfeitinha, a ligação ao mar apenas uma fenda entre falésias. Demorámos algum tempo a encontrar poiso onde ficar, e enquanto procurávamos meio desamparados, surgiu um velhote no meio da rua. Um boa-tarde e uma pergunta honesta valeram-nos um conselho: entre as dunas altas na ponta da baía, encostados à praia, montámos o nosso acampamento.
Nessa noite, depois de jantar, fomos até à vila dar uma volta de reconhecimento. Tem uma marginal invejável! No outro extremo da baía, há um túnel que atravessa a rocha de um lado ao outro, até ao mar.
Não há melhor forma para acordar do que dar uns passos e mergulhar no mar, foi o que fizemos antes dos preparativos para ir embora. A noite revelou que os caracóis característicos destas dunas se tinham infiltrado profundamente em tudo o que era nosso pertence, desde tendas a sapatilhas. Movem-se com tal extraordinária rapidez (para um caracol) que lhes valeu a alcunha de Killercóis. Bastava meio minuto parado para ter um a meio da perna. Acho que trouxemos uns connosco até à Figueira...
A próxima jornada levou-nos mais para o interior, tínhamos que contornar a lagoa de Óbidos, passando pelas Caldas da Rainha, e depois virar de novo para a costa na direcção de Peniche. Foi uma etapa mais difícil pelos altos e baixos... mas conseguimos estar em Óbidos para almoçar e descansar (e beber a ginginha!) durante o pico do calor, só por isso valeu a pena. De tarde, mais subidas até perto de Peniche, depois virando para Sul veio o que, provavelmente, foi a descida mais comprida da viagem, quase até à Praia da Areia Branca! Foi aí que parámos para a terceira noite, num canavial perto de umas dunas.
Nesta altura já se começa a notar um certo à vontade com a rotina de procurar um cantinho, montar tudo, jantar, e às vezes dar uma volta na povoação. Neste caso estávamos meio afastados, e os dois furos (um meu e outro do André!) atrasaram-nos um bocado, pelo que acabámos por ficar pelo acampamento.
Na manhã seguinte acordamos não para um mergulho, mas para um banho nos balneários da praia! Podem ver pelo entusiasmo ligado a uma coisa tão banal como um banho que para nós era qualquer coisa de extraordinário. :P Almoçámos num snack-bar a olhar para a praia, e partimos só à tarde.
Passámos pela Lourinhã e fomos até à Praia de Santa Rita. Íamos deixando o mundo dos vivos numa descida de inclinação abismal, feita com os travões a falhar, ladeada por casas altas de um lado e outro e com curvas de ângulo duvidoso numa terra esquecida no meio de uns montes. Só para voltar a subir tudo de novo, e depois descer outra vez até à praia, apanhar a ciclovia e andar até ao pinhal mais próximo. De caminho passamos pelo recinto do festival Ocean Spirit, onde descobrimos que essa noite íamos dormir ao som de Buraka Som Sistema. Cumpriu-se, porque acampámos perto, numa cubata que foi indiscutivelmente um dos melhores (e mais assustadores) sítios onde estivémos. Um espaço de pinheiros baixos e dobrados, com caruma abundante de tal forma que o sol quase não passava. No entanto, o chão estava limpo e a área dividida em vários "quartos", com direito a corda para pendurar a roupa e tudo. O lugar tinha todo o ar de ter sido fruto de muito trabalho de um grupo de pessoas durante algum tempo, e tinha marcas recentes de visitantes... Ora vejam:
Sustos à parte, foi um óptimo sítio para ficar. Na manhã seguinte acordámos com uma notícia que nos pôs em polvorosa. Pela primeira vez tínhamos um prazo, uma hora e sítio para estar no fim da próxima jornada... descubram onde, no próximo episódio :P
(quarto onde dormimos)
Bilhete que deixámos aos donos da cubata (letra do Tiago!)
Saldo: 191km
5 comentários:
Gostamos dos filmes versão "director's cuts" :) Fartamo-nos de rir.
Abraço
Olá Vagamundos!
Ainda bem que gostaram..
Se calhar devia ter posto um daqueles avisos "viewer discretion is advised" não é? :)
Abraço
vim agora do outro lado da peninsula de propósito pa me pôr a par do blog :P
e pronto, esqueci-me da existencia dos filmes, agradavel surpresa, muito bom.
o resto nao comento porque ESTIVE LÁ!
Que gosma branca é aquela na 4ª foto?
massas Knor :D
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