Bem vindos ao frigorífico.

Meio do Pólo-Sul, continente da Antárctida. Média de 60 graus negativos durante o Inverno que dura 6 meses, de Fevereiro a Outubro. Sempre de noite...

Branco, tudo coberto de gelo até onde a vista alcança... Tudo? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gau- *cof* aventureiros, resiste ainda e sempre ao frio, à noite, ao deserto!
E a vida não é fácil aqui no meio do gelo.


Emily Wantler, 28 anos, troca e-mails com José Cardoso (do Expresso) e conta-nos algumas peripécias do seu dia-a-dia.
Faz parte de uma equipa de 43 elementos, várias nacionalidades, "presos" até Outubro na estação Amundsen-Scott - cientistas, engenheiros, técnicos, cozinheiros - uma verdadeira mini-aldeia.





No meio do nada. A estação Amundsen-Scott, no Pólo Sul. A cúpula redonda (com 50 metros de largura por 16 metros de altura), foi a base principal de 1975 até 2003, quando foi substituída pela estação elevada (edifícios castanhos sobre pilares), porque a deriva do gelo já quase a tinha submergido. O local habitado mais próximo é a Estação McMurdo, que fica a 1500 kms.
Cortesia de Scott Jackson


A conversa que têm mantido desde Abril pode ser vista
em http://expresso.pt/emily, deixo-vos aqui um trecho:

Abril 22, 2009 11.19 PM

Olá novamente Emily, cá estou eu de novo. Como é que vais?

Há coisas que são "normais" para vocês, aí, mas que para as pessoas que vivem em sítios "normais", como eu... - seriam completamente esquisitas. Por exemplo, parece que as hemorragias nasais são comuns por aí...

Saúde. Não congeles.
José

Abril 27, 2009 09:10 AM

Bem-vindo de volta José!

Pois é! A atmosfera seca daqui é terrível. Pele seca, frieiras, lábios rebentados e hemorragias nasais são correntes. Temos de aplicar constantemente creme nas mãos e batom do cieiro. Muitos de nós, se não praticamente todos, usam humidificadores nos quartos, para que o corpo ganhe alguma humidade enquanto dormimos. Outros gostam de ir para a estufa hidropónica, onde a humidade é uma boa loção e uma boa terapia.

Outra coisa "esquisita" por aqui é a electricidade estática: praticamente todas as vezes em que tocamos numa coisa metálica (uma mesa, a maçaneta duma porta, seja o que for), apanhamos um choque. Isto aqui é tão seco (a Antárctida é o continente mais seco do planeta) que a electricidade estática irrompe à medida que caminhamos. Fazer uma cama com roupas de flanela ou de lã é como assistir a uma tempestade de luz: é ver electricidade estática azul a saltar através dos lençóis...

Abraço,
Emily

O artigo on-line foi publicado na Única da semana passada, mas José Cardoso vai manter a correspondência com Emily até Outubro, podem seguir pelo link que dei mais acima : )

Próximo update vai ser amanhã!



2 comentários:

Salomé Gonçalves disse...

Cama com luz de presença!! xD
Eu não sobrevivia lá... :(

O Paraíba disse...

'a electricidade estática irrompe à medida que caminhamos. Fazer uma cama com roupas de flanela ou de lã é como assistir a uma tempestade de luz: é ver electricidade estática azul a saltar através dos lençóis...' A-w-e-s-o-m-e! =|

Achas que chegamos lá na Matilde e na Vanessa? =D*

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